terça-feira, 26 de janeiro de 2010

5 minutos de você



Hoje eu vi você.
Cada um no seu lado e a chuva entre nós.
Muito barulho...
A chuva tamanha e imensa
Que ao tocar os vidros pareciam formar bolinhas de sabão.
Um grito? Não, você não teria ouvido,
Mesmo que tivesse coragem de fazê-lo.
Seu perfume?
Mesmo que o vento sobrasse a meu favor,
Seria diluído com a poluição central.
Do vermelho ao verde num piscar.
E meu reflexo retardatário não conseguiu ver quem te acompanhava.
Apenas percebi..., cabelos revoltos, compridos e lisos como o teu.
O possante veículo que estava não teve forças para alcançar o teu.
Mas você foi obrigado a parar logo à frente.
Desci, corri e bem próximo de ti, você partiu.
Cabisbaixo, fui acolhido por um par de “olhinhos” esverdeados.
Que se soubesse falar, diriam:
“Tudo bem, calma, vai passar!”
Revirei-me por horas,
Com a inútil tentativa de molhar meu travesseiro
Como as minhas vestes de hoje à tarde.
Mas foi impossível.
Preso, sufocado, o máximo que conseguiu foi chegar aqui e dizer que....
(DESCULPE, OS CINCO MINUTOS COM VOCÊ ACABARAM).

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

PONTA PÉ


“Tudo o que você precisa é amor”.
(se na primeira pessoa não for ficção daquilo que realmente é, então não sei o que é ficção)

Quando ouvi esta frase eu me pus a perguntar o que isso significa. É algo tão estranho e tão obvio pra mim que eu me perco. Neste instante eu entendi que tudo aquilo que eu achava na verdade não era... E o que era então? A imagem que vinha em minha mente era como se caísse na cabeça de um cidadão uma rolha e ele por nunca ter tido contato com tal simples objeto, não o reconhecesse. Então eu me pus a procurar... nos outros, nas paixões, nos contatos, no sexo, no cheiro, uma fileira de corpos sem RG e sem face. Algumas rosas apareceram no meio desse espinhal, mas ainda eu não estava preparado para enxergá-las. Então eu me dediquei ao físico, pois para se ter amor você precisa ser belo, acreditei. Comecei a caminhar, em pouco tempo estava na academia, natação, musculação, condicionamento físico e quilos e mais quilos escorriam pela esteira abaixo. Quase no “padrão” percebi que não, não era isso que estava procurando. Neste instante eu tive a certeza absoluta que para conseguir aquilo que eu realmente desejava (mesmo sabendo que muitas vezes não tinha idéia do que seria), eu teria que ser um cara bem sucedido. Foi neste momento que abandonei tudo, o trabalho que me dilacerava, burro, burocrático e sem algo maior, dinheiro, apenas dinheiro. E me atirei na profissão que tinha escolhido pra mim e viajei em mundos até então desconhecidos, em classes das mais variadas, em gêneros, dos inocentes aos mais infames e... me perdi nas crônicas de tele-novela. Um dia desses acordei, quando não se quer mais nada, e demorei muito tempo para me desvencilhar dos travesseiros e cobertores. Meio tonto ainda abri a geladeira, um copo de leite, uma colher de doce de leite, uma banana e uma garfada no bolo embolorado. Liguei o som e fui tomar banho. Foi quando eu me olhei no espelho e não me reconheci. O que eu via era um ser apático e apavorante, tão sem vida, sem forças como eu nunca tinha visto. Percebi que estava sozinho, sem dinheiro, sem carreira, sem o corpo malhado, sem os outros que por tantas noites amenizaram minhas lamurias, sem nada. Então adoeci, e me entreguei ao mais profundo sofrimento. Não, não Hesitei e me fechei em minha alcova e ali permaneci durante muito tempo. Aos poucos foram aparecendo às chagas, e uma a uma eu fui cutucando, limpando, cuidando e curando. Procurei-me nas fotos, nos livros, nos perfumes, nos artigos de jornais, nas cartas e.... nada. Nada de mim. Quando mais eu me revisitava mais triste se tornavam os meus dias, mais vazio eu me sentia. Um encontro muito tempo esperado me colocou diante de pessoas que conseguiam olhar nos meus olhos e me ver, assim, como eu realmente era. Amigos. A menina dos meus olhos havia sido liberta, e de vez, e pra vida. Neste tempo de permanência “fodástica” de minhas férias eu encontrei aquilo que estava procurando, simples assim, e essa imagem nunca mais sairá da minha cabeça: Um homem, uma mulher e uma menina-flor, que juntos brincavam na beira do mar. Neste instante eu entendi a frase que tanto me atormentou, e que me fez hoje escrever, e percebi que o que tanto procurava esteve o tempo todo comigo, dentro de mim, preso, frágil e com medo. Dez dias para o amor nascer em mim, cinco minutos de você, milhões de segundos interligados de felicidade. Durmo feliz e certo do dia de amanhã para todos, mesmo crente que muitos não o “Verão”. A todos um novo ano. E se posso pedir algo, desejo a vocês o meu maior presente: O silêncio.