quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DESPERCEBIDO


Ele acordou com a água batendo no ouvido,
Mais um pouco estaria afogado em águas salgadas.
Quando se deu conta, estava sozinho.
Por mais que se esforçasse seu olhar contemplava o vazio.
E ficou com medo.
Pensou em gritar
Mas o mundo a sua volta estava surdo.
Pensou em sair correndo, se manifestar,
Mas suas pernas estavam paralisadas.
Com muito esforço esticou as mãos,
A resposta veio de imediato, o silêncio.
Mas ele só conseguiu perceber no meio da madrugada.
Então começou a chorar, e chorar e chorar,
E ficou com medo.
Medo de se cansar e despercebido afundar em seu próprio sofrimento.
Então teve pena de si mesmo e se lamentou.
E sofreu.
Sofreu pelo tempo perdido.
Pelas vitorias não alcançadas.
Pelos sonhos que a cada dia ficavam para trás.
E pelas frustrações.
Esta palavra a pior de todas.
Hoje ele estava frustrado!
Então teve vergonha de si e decidiu reagir.
De todas as formas tentou ganhar atenção do mundo.
Lutar, não deixar pra trás a “utopia” de menino.
E se esforçou.
E se esforçou se esforçou muito.
Sentiu uma leve fisgada, mas não parou com medo de perder tempo.
E se esforçou mais, e rapidamente começou a suar.
E se esforçou ainda mais, e os sentidos começaram a falhar.
Um a um os seus sentidos, foram cessando sem que ele percebesse.
Sua vontade de vencer, de ser alguém era tanta
Que não percebeu que seus sonhos
Suas ambições
Suas vontades
Tornaram-se maiores que sua própria vida.

A.R – 19/11/2009