domingo, 25 de julho de 2010

Sem sentir você

( um passeio por um campos musicais)

Ontem eu me peguei pensando
Ontem me peguei querendo você. Ontem
Ontem me peguei desejando
Ontem eu quis te ver, é.
Ontem eu podia ter me entregue
Ontem eu morreria de tanto sentir você.
Ontem eu não pude te ver.
Porque ter esses quereres?
Se tudo te vejo e me faz enlouquecer, porque?

Sim, eu caminharia sem geografias, sim.
Sim eu arriscaria minha coleção de figurinhas
Sim eu atrasaria minhas conquistas, sim, sim.
Sim, pelo simples fato de sentir você.

Ontem eu olhei pro céu e me vi sozinho
A lua grande me engolindo por não ter você aqui comigo.
Por mais que eu tenha implorado pelo seu nome.
O silencio da sua ausência me forçou chorar,


Agora me diga até quando não vai notar
Que estou de braços abertos esperando você.
Que meus carinhos são o que falta em você.
Que meu amor é o que vai te fazer, feliz.
Sim, eu caminharia sem geografias
Sim eu arriscaria minha coleção de figurinhas
Sim eu atrasaria minhas conquistas
Pelo simples fato de sentir você.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

antônimos


Ele subiu a Serra. Meses de trabalho árduo, decidiu que seu corpo precisava descansar, mas carregava por todo o canto em seu bolso o seu parelho celular.
Ele tomou banho, e desejou ficar largado, colocou a primeira roupa que retirou da mala, mas antes disso passou o melhor creme de barbear, modelou a silhueta e pôs a melhor essência.
Ele disse que odiava chuva, sempre disse que era feito de açúcar, mas hoje olhava para o horizonte e deseja que fosse um dia de calor para poder se esbaldar nas poças d’água.
Ele disse que passaria dias de tranqüilidade, faria a tão sonhada e planejada dieta, mas quando ouviu a tempestade, abraçou a melhor garrafa de vinho e se postou perto da lareira.
Ele pensou em relaxar, e deixar pra trás tudo que o fizesse abstrair as reminiscências, mas não tirava do “repeat” a mesma musica que ouviu incessantemente durante a viagem.
Ele retirou de uma caixa de madeira dois livros que decidiu ler fazia tempo, mas debaixo retirou fotos, recortes, “trecos” que o fez sem querer sorrir e chorar no mesmo instante.
Ele então jogou pro alto a caixa de madeira, ficou irritado em descobrir que tudo aquilo que supostamente havia planejado não estava acontecendo.
Então aumentou o som, na mesma musica de dias.
Deixou de lado a taça e entornou a garrafa inteira de vinho.
Saiu correndo e pulou todas as poças d’água que viu pela frente.
Voltou pro quarto tomou um novo banho, colocou o mesmo perfume, que havia ganhado de presente, vestiu a roupa nova que estava escondida no fundo da mala e saiu.
No meio do caminho ligou o celular e disse:
- Me espera, não da mais pra me calar com você.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quando começa a bater sem querer


Numa noite de chuva, ao abrir a porta de casa percebeu que estava sem luz.
Um breu tamanho que tropeçou nos brinquedos de seu bicho, que com medo dos raios e trovões, se escondia encolhida de baixo da mesa.
Como fazia pouco tempo que mudara, ainda não tinha se preocupado em organizar um kit “urgência”.
Achou uma vela quebrada dentro de uma gaveta, que sem duvidas era do dono anterior.
Ascendeu e foi até o banheiro tirar a roupa molhada, que de tão grudada se confundia com a sua própria pele.
O frio era tanto que decidiu ligar o aquecedor.
Uma mão na vela e a outra na tomada, só então se deu conta do ridículo e caiu em gargalhadas, como há muito tempo não fazia.
De repente começou um barulho que ele não soube distinguir de onde vinha.
Pensou em ser seu amigo que chegará do serviço, e nada.
Pensou em ser um assalto, mas não tinha ninguém.
Pensou que era sua gata aprontando, mas a mesma o estava seguindo,
Como se pedisse, “por- favor, me pega no colo” – e ele pegou.
Sentou então no sofá com uma taça de vinho nas mãos,
Só então se deu conta de que o barulho não vinha de fora
Vinha de si, escondidinho, pequeno e pulsante.
Era seu coração que depois de muito tempo começou a bater sem querer.
E se questionou, pois sempre acreditou que isso acontecesse involuntariamente.
E constatou então, que na verdade ele apenas se mexia, pulsava dentro si.
Mas depois de muito tempo ele batia de novo, e acelerado..., e de verdade.
E foi tão repentino e tão forte que sentiu vontade de gritar.
E antes que isso acontecesse à luz voltou.
Apagou a vela, colocou mais uma dose do “MALBEC” na taça, e foi para seu quarto.
Ao ligar seu computador, sorriu encabuladamente ao ver a mensagem que dizia:
- Estou aqui esperando você chegar pra dar boa noite, saudades.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Menino Alegre



Menino Alegre

“Quando eu nasci um anjo torto, desses que vive na sombra disse: - Vai Carlos, ser gauche na vida”
Da poesia de Drummond para o dia de hoje. O que é esse caminho de incertezas que ele aponta? Pergunto-me.
Que menino é esse que habita escondido dentro de nós?
Um menino (é) alegre, quando passa correndo, derrubando pessoas, pulando lixeiras, tropeçando em raízes onduladas que despontam nas calçadas.
Um menino (é) alegre quando sorri num dia de frio, pois sabe que irá pular fogueira. Ou se é calor que se apresenta, sabe que terá um dia correndo pelas ruas, empinando pipas, aproveitando a tão sonhada férias que se aproxima, típico dessa época do ano.
Um menino (é) alegre, quando se contorci feito tatu e se lambuza no tanque de areia, sem se importar com o que os outros vão pensar da sua aparência.
Um menino (se mostra alegre), quando sonhador, faceiro, brincalhão, festeiro, honesto, amigo e querido. Querido pela família, pelos amigos, vizinhos, colegas, professores, por todos, e se não por todos, por muitos, e de verdade, e só isso realmente importa.
Um menino (é) alegre, quando é amado.
Um menino (é) alegre quando é moleque, travesso.
Brinca, cambaleia, cambalhota, carambola.
Ou, psiu, você, você mesmo menino alegre, divirta-se... , rodopie, brinque trote em seu cavalo de pau. Delicie-se das descobertas que o mundo lhe aponta. Não tenha medo das quedas, porque elas não existem, mesmo que muitos o digam o contrário. E fique tranqüilo, pois sendo quem és sempre terá um travesseiro macio, cheirando a canela, para repousar após um dia de estripulias. E sempre, não obstante de idade, nem tão pouco de distancia, e acima de qualquer coisa, pare de brigar para ser aquilo que você já é, acredite, o mundo é teu.


A.R
12 de junho de 2010

(Do menino que sou, para o menino que és..., para um amigo querido)

domingo, 18 de abril de 2010

Somente um beijo e Adeus I



Faz um tempo que as coceiras começaram. Pensei se tratar das pulgas espaçosas, rainhas do talco. Outrora acreditei serem os bernes alojando-se em minha casca, ansiosos a espera do inverno. Por fim supus uma infecção contagiosa e fatal, que tivesse de uma vez por todas decidido dar cabo de mim, da unha do dedo mindinho do pé esquerdo, ao fio de cabelo inexistente. Porém, nada de respostas me vinham do que estava acontecendo.
Depois de passar e infestar as lacunas da minha geografia, finalmente repousou tranquilamente em minha caixa torácica. A dor lancinante agora dava espaço a uma coceira intermitente.
Inquieto, cansado, e bem aflito, procurei por uma “LUZ” que me tranqüilizasse e por fim o médico. Confesso que por diversas vezes me arrumei e caminhei em sua direção, mas o medo do diagnóstico, da agulha, e da recomendação de psicotrópicos me imobilizaram e me deixaram sem ação.

A terapeuta exclamou:

- Porque você sempre fica com aquilo que não existe?

A entidade esfumaçou em minha face e disse:

- Mice fio, ocê precisa aquetar teu coração. (E me lavou nas águas de Oxum)

Amigos partiram, um viajou, outro mudou, outro se retirou de cena, como se as besteiras e dissensões fugazes fosse mais importantes do que o ponteiro menor marcou durante toda sua estada ao meu lado. A família virou as costas deixando lembranças e vínculos sentimentais difíceis de quebrar, difíceis de conciliar. Porém outros queridos começaram a aparecer e ocupar seus cantos, só que desavisados e não aptos ainda a decifrar meus códigos, uns calaram-se, outros com suas pseudo-idiossincrasias explanaram, o fato é que apenas os mais sensíveis, suspiraram e me abraçaram. (Alívio Momentâneo).
A.R. 15.04.2010

domingo, 4 de abril de 2010

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Há entre quem sou e estou uma diferença de verbo que corresponde a realidade.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

5 minutos de você



Hoje eu vi você.
Cada um no seu lado e a chuva entre nós.
Muito barulho...
A chuva tamanha e imensa
Que ao tocar os vidros pareciam formar bolinhas de sabão.
Um grito? Não, você não teria ouvido,
Mesmo que tivesse coragem de fazê-lo.
Seu perfume?
Mesmo que o vento sobrasse a meu favor,
Seria diluído com a poluição central.
Do vermelho ao verde num piscar.
E meu reflexo retardatário não conseguiu ver quem te acompanhava.
Apenas percebi..., cabelos revoltos, compridos e lisos como o teu.
O possante veículo que estava não teve forças para alcançar o teu.
Mas você foi obrigado a parar logo à frente.
Desci, corri e bem próximo de ti, você partiu.
Cabisbaixo, fui acolhido por um par de “olhinhos” esverdeados.
Que se soubesse falar, diriam:
“Tudo bem, calma, vai passar!”
Revirei-me por horas,
Com a inútil tentativa de molhar meu travesseiro
Como as minhas vestes de hoje à tarde.
Mas foi impossível.
Preso, sufocado, o máximo que conseguiu foi chegar aqui e dizer que....
(DESCULPE, OS CINCO MINUTOS COM VOCÊ ACABARAM).