quarta-feira, 14 de julho de 2010

Quando começa a bater sem querer


Numa noite de chuva, ao abrir a porta de casa percebeu que estava sem luz.
Um breu tamanho que tropeçou nos brinquedos de seu bicho, que com medo dos raios e trovões, se escondia encolhida de baixo da mesa.
Como fazia pouco tempo que mudara, ainda não tinha se preocupado em organizar um kit “urgência”.
Achou uma vela quebrada dentro de uma gaveta, que sem duvidas era do dono anterior.
Ascendeu e foi até o banheiro tirar a roupa molhada, que de tão grudada se confundia com a sua própria pele.
O frio era tanto que decidiu ligar o aquecedor.
Uma mão na vela e a outra na tomada, só então se deu conta do ridículo e caiu em gargalhadas, como há muito tempo não fazia.
De repente começou um barulho que ele não soube distinguir de onde vinha.
Pensou em ser seu amigo que chegará do serviço, e nada.
Pensou em ser um assalto, mas não tinha ninguém.
Pensou que era sua gata aprontando, mas a mesma o estava seguindo,
Como se pedisse, “por- favor, me pega no colo” – e ele pegou.
Sentou então no sofá com uma taça de vinho nas mãos,
Só então se deu conta de que o barulho não vinha de fora
Vinha de si, escondidinho, pequeno e pulsante.
Era seu coração que depois de muito tempo começou a bater sem querer.
E se questionou, pois sempre acreditou que isso acontecesse involuntariamente.
E constatou então, que na verdade ele apenas se mexia, pulsava dentro si.
Mas depois de muito tempo ele batia de novo, e acelerado..., e de verdade.
E foi tão repentino e tão forte que sentiu vontade de gritar.
E antes que isso acontecesse à luz voltou.
Apagou a vela, colocou mais uma dose do “MALBEC” na taça, e foi para seu quarto.
Ao ligar seu computador, sorriu encabuladamente ao ver a mensagem que dizia:
- Estou aqui esperando você chegar pra dar boa noite, saudades.

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